A série Cadernos do OIMC, publicação de fluxo contínuo editada pelo Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas, apresenta em seu décimo sexto volume o artigo Saúde e Mudanças Climáticas: Contradições entre capitalismo, meio ambiente e saúde pública, uma parceria entre o OIMC e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz). Assinada pelos pesquisadores Valdiléa Gonçalves Veloso dos Santos, Mayumi Wakimoto e Tiago Nery, esta edição detalha as relações entre a emergência climática e as emergências de saúde pública atuais, analisando impactos diretos e indiretos das mudanças climáticas sobre a saúde, destacando a realidade da América Latina.
Confira um trecho da introdução do texto:
O mundo assiste à convergência de diferentes crises (ambiental, econômica, política, social, sanitária,entre outras), levando muitos analistas a utilizar a expressão “policrise” para designar tal fenômeno. O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas mostra que o impacto das ações humanas sobre o meio ambiente está causando alterações cada vez mais complexas, com sérios impactos na saúde. O presente artigo defende que os graves e crescentes problemas de saúde não podem ser entendidos sem considerar as tensões entre capitalismo e meio ambiente. A emergência climática afeta diferentemente o Norte e o Sul global, exacerbando as desigualdades de classe, gênero e raça. A pandemia da Covid-19 mostrou a profunda incapacidade da maioria das sociedades para lidar com o tipo de desafio que a era do antropoceno enfrentará cada vez mais frequentemente.